APAIXONADOS POR LEITURA

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terça-feira, 14 de junho de 2011




Experimentação de práticas de leituras: proposta de intervenção pedagógica









OBJETIVOS DA PRÁTICA LEITORA
§  A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano das grandes cidades. Este fenômeno tem se caracterizado como marca dos grandes centros urbanos, que são capazes de congregar, em uma mesma localidade, diferentes grupos sociais com interesses econômicos, políticos e sociais antagônicos. O objetivo dessa prática leitora é incentivar a reflexão sobre a desigualdade social e a busca da cidadania a partir de textos apresentados sob os mais variados suportes.
                       MATERIAIS E RECURSOS UTILIZADOS
§  Leitura de textos literários:
§  Brasil é o maior em desigualdade social
§  A fome na África é responsabilidade mundial
§  O bicho ,Manuel Bandeira
§  Poema para uma criança-de-rua, RUI LÔBO
Leitura de músicas:
§   O Meu País, Zé Ramalho
§  Desigualdade Social ,Rebitantes
§  Que País é esse,Legião Urbana
                         




PÚBLICO-ALVO

 (Pré-)adolescentes: leitores das séries finais do ensino fundamental
















O Meu País, Zé RamalhoComposição:Livardo Alves, Orlando Tejo,Gilvan Chaves

  • Tô vendo tudo, tô vendo tudo
    Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
  • Um país que crianças elimina
    Que não ouve o clamor dos esquecidos
    Onde nunca os humildes são ouvidos
    E uma elite sem deus é quem domina
    Que permite um estupro em cada esquina
    E a certeza da dúvida infeliz
    Onde quem tem razão baixa a cerviz
    E massacram - se o negro e a mulher
    Pode ser o país de quem quiser
    Mas não é, com certeza, o meu país
  • Um país onde as leis são descartáveis
    Por ausência de códigos corretos
    Com quarenta milhões de analfabetos
    E maior multidão de miseráveis
    Um país onde os homens confiáveis
    Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
    Mas corruptos têm voz e vez e bis
    E o respaldo de estímulo incomum
    Pode ser o país de qualquer um
    Mas não é com certeza o meu país

  • Tô vendo tudo, tô vendo tudo
    Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
  • Um país que crianças elimina
    Que não ouve o clamor dos esquecidos
    Onde nunca os humildes são ouvidos
    E uma elite sem deus é quem domina
    Que permite um estupro em cada esquina
    E a certeza da dúvida infeliz
    Onde quem tem razão baixa a cerviz
    E massacram - se o negro e a mulher
    Pode ser o país de quem quiser
    Mas não é, com certeza, o meu país
  • Um país onde as leis são descartáveis
    Por ausência de códigos corretos
    Com quarenta milhões de analfabetos
    E maior multidão de miseráveis
    Um país onde os homens confiáveis
    Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
    Mas corruptos têm voz e vez e bis
    E o respaldo de estímulo incomum
    Pode ser o país de qualquer um
    Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo






Desigualdade Social,  Rebitantes


  • Pela minoria o mundo é dominado,
    que vive do lucro, do povo explorado
    E tem a sua vida, com luxo e mordomia,
    O pobre passa fome, e não tem moradia.

    No mundo capital, é só exploração,
    Não sustente a burguesia, com sua escravidão,

    Desigualdade, Social
    Desigualdade, Social
    Desigualdade, Social...



  • Aqui não falta sol
    Aqui não falta chuva
    A terra faz brotar qualquer semente
    Se a mão de Deus
    Protege e molha o nosso chão
    Por que será que tá faltando pão ?
    Se a natureza nunca reclamou da gente
    Do corte do machado, a foice, o fogo ardente
  • Se nessa terra tudo que se planta dá
    Que é que há, meu país ?
    O que é que há ?
  • Tem alguém levando lucro
    Tem alguém colhendo o fruto
    Sem saber o que é plantar
    Tá faltando consciência
    Tá sobrando paciência
    Tá faltando alguém gritar
  • Feito um trem desgovernado
    Quem trabalha tá ferrado
    Nas mãos de quem só engana
    Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O país que a gente ama
  • Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O Brasil que a gente ama

  • Tem alguém levando lucro
    Tem alguém colhendo o fruto
    Sem saber o que é plantar
    Tá faltando consciência
    Tá sobrando paciência
    Tá faltando alguém gritar
  • Feito um trem desgovernado
    Quem trabalha tá ferrado
    Nas mãos de quem só engana
    Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O país que a gente ama
  • Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O Brasil que a gente ama









O bicho
Manuel Bandeira
  • Vi ontem um bicho
    Na imundice do pátio
    Catando comida entre os detritos.
  • Quando achava alguma coisa;
    Não examinava nem cheirava:
    Engolia com voracidade.
  • O bicho não era um cão,
    Não era um gato,
    Não era um rato.
  • O bicho, meu Deus, era um homem.
  • Rio, 27 de dezembro de 1947





Retirantes – Portinari
Brasil é o maior em desigualdade social
  • A distribuição de renda no Brasil é a pior do mundo, em que os 10% mais ricos ganham 28 vezes a renda dos 40% mais pobres. Este é um dos dados publicados em uma pesquisa que será lançada em livro, chamada “Desigualdade e Pobreza no Brasil”, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que levou em consideração indicadores do Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), IBGE e da ONU.
  • Outros elementos do estudo do IPEA indicam que os 10% mais ricos da população brasileira se apropriam de cerca de 50% da renda total do país, e os 50% mais pobres detêm apenas 10% da renda do país. Outros países mais pobres não têm uma desigualdade estrutural tão grande como o Brasil. Pelos dados da pesquisa do IPEA, esta situação não sofre mudanças há exatamente 25 anos e parece que existe um conformismo dentro da sociedade brasileira de continuar esta desigualdade.
O estudo do IPEA mostra que a desigualdade social no Brasil é estrutural, o que confirma as teses da Refundação do PCML (Partido Comunista Marxista Leninista) de que este é um modelo de desenvolvimento do Brasil desde a colônia, que fez com que a propriedade privada de monopólio da terra voltada para a exportação fosse a mola mestra da desigualdade social.

Com o regime escravocrata agro-exportador, as diferenças de classe social entre os que detinham os meios de produção, que eram os colonizadores portugueses e os escravos, que eram a mão-de-obra gratuita para tocar a economia do país, fizeram com que o país se desenvolvesse de uma forma desigual. O desenvolvimento econômico do Brasil desde aqueles tempos não quebrou o monopólio da terra e da indústria e por isso todo o crescimento foi injusto para a maior parte da população brasileira, que teve que sustentar a sede dos lucros dos monopólios estrangeiros e nacionais até os dias atuais.
A elite brasileira sempre foi egoísta e ligada ao capital estrangeiro a quem sempre se uniu para espoliar o povo. O nosso país é composto por uma população enorme de miseráveis e de párias sociais que conseguem sobreviver com muitas dificuldades, com um salário mínimo de R$ 151 que, segundo o DIEESE, deveria estar em torno de R$ 1mil. O salário mínimo do trabalhador está em 25% do valor de quando foi criado em 1940 por Getúlio Vargas.
O estudo do IPEA mostra que somente uma mudança radical na sociedade brasileira é capaz de mudar esse quadro de injustiça social, que é próprio do sistema capitalista, principalmente em um país do Terceiro Mundo. Mais uma vez as Teses de Refundação do PCML mostram que precisamos organizar a revolução socialista no Brasil para apear do poder esta elite que há mais de 500 anos oprime com fome, violência e miséria
A pesquisa do IPEA mostra que o principal ponto a ser enfrentado para que se diminua a desigualdade social no Brasil é o investimento em educação, já que a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de 6,3 anos de estudo. Mas o projeto neoliberal, que faz com que os governos apliquem menos recursos em vários setores sociais, está levando os trabalhadores brasileiros a ganharem bem menos do que se tivessem uma melhor educação.
Embora a estatística seja melhor do que há dez anos atrás, mas se compararmos a outros países pesquisados, como a Coréia do Sul que investiu maciçamente no setor educacional para dar um grande salto de desenvolvimento econômico, o Brasil é um país que gasta poucos recursos com o setor, o que diminui as oportunidades para os que estão entrando no mercado de trabalho, que correspondem a mais de 1,5 milhões de pessoas a cada ano sem conseguir uma colocação satisfatória, tornando precárias as relações trabalhistas com a diminuição do salário.

A FOME NA ÁFRICA É RESPONSABILIDADE MUNDIAL

A desigualdade social é um fato e é um mal – que visto por outro ângulo, tem em parte, razão de ser – o que seria do rei, se não houvesse o servo, ou ainda, o que seria do engenheiro se não houvesse o pião? – irremediável...


A prostituição infantil é um dos males oriundos da desigualdade social; às drogas, infelizmente muitas das vezes, é o refúgio da fome, da falta de carinho, de atenção, e até mesmo, do descaso de pais abastados, inteligentes para tudo e em tudo, menos em se doarem aos próprios filhos...

Como pessoas comuns, sofremos e nos sentimos incapazes, por não termos em mãos o "poder", para mudar a pintura do quadro, pois, por mais que consigamos mudar cores e paisagens, a moldura permanece. Porém, o simples fato, de reconhecimento da gravidade do problema, ora existente, e o desconforto gerado pela impotência em não podermos agir... Denota que não somos vermes... Os que de fato o são, estão no “poder e com o poder”, engordados com os impostos exorbitantes e descabidos – puro assalto à mão armada –, aos nossos bolsos, enquanto que, o país está entregue ao abandono.
Estradas sem conservação, cidades entregues ao lixo, cuida-se das áreas de turismo e o resto é resto! O mato toma conta de pontes e viadutos...
Em um país como o nosso – Brasil –, onde não há a menor preocupação com a educação e saúde do seu povo – hospitais e escolas funcionam precariamente ou estão por fechar às portas; alunos em pleno ano letivo, sentados em suas carteiras, sob às árvores do pátio escolar, prevenindo-se de desabamentos de tetos nas salas de aulas –, quadro mostrado recentemente pela mídia.

Como esperar dos que estão no poder, uma atitude em prol das crianças, adolescentes, ou de tantos quantos vivem à margem da sociedade?

O que podemos esperar de um país que distribui bolsa família – incentivo a fabricação de bebês, com o intuito de multiplicar a mísera quantia paga pelo governo –, o trabalhador deve ser digno do seu salário, assim sendo, seria uma preocupação governamental viável, gerar frentes trabalhistas, para que, os pais pudessem alimentar aos seus filhos, e não viver na malandragem, por ter a certeza de receber “ajuda” da parte do governo, que na realidade, acha por bem, não instruir o seu povo, para que continuem “tendo olhos sem ver”.

A bolsa família, tanto quanto, outras, dificilmente são usadas apropriadamente. Em verdade, alguns pais, terminam vendendo os seus próprios filhos e os entregando a sorte...
Muitas destas crianças terminam em casas de prostituição, sendo transformadas em brinquedos nas mãos dos pedófilos, e quando não quebrados, encontram a morte!...

Estas são verdades apolíticas, visto que não defendo nenhum partido, nem simpatizo com nenhum deles, e sim, com a verdade e com ela tenho compromisso.

http://br.groups.yahoo.com/group/AmigosDoDante/
  • Desigualdade social entre as crianças

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Releitura de A Cartomante de Machado de Assis

A Cartomante

Em uma cidadezinha chamada Jacuizinho, localizada na região noroeste do Rs, vivia uma mulher misteriosa que ocupava-se em adivinhar o futuro das pessoas. Madame Sofia era seu nome. Alta, corpo esbelto, longos cabelos negros e uma pele tão alva que lembrava o clássico Branca de Neve.
Em janeiro de 2009 a chuva torrencial provocou na cidadezinha uma enchente avassaladora que atingiu os moradores próximos ao rio que corta a cidade.
Como ali todos se conhecem, o sentimento de solidariedade brotou nos corações daqueles que não sofreram o mesmo infortúnio.
Faltava água potável, luz, as roupas estavam molhadas e até mesmo móveis e eletrodomésticos foram perdidos.
Nelci, que morava junto à ponte do Rio Jacuizinho, teve sua casa completamente inundada e os animais que criava tiveram que ser ser rapidamente transportados para os campos próximo a casa de Valdir, melhor amigo de seu marido Ladi.
Por isso, todas as manhãs e finais de tarde Nelci ia até a casa de Valdir para alimentar os animais e, como Madame Sofia residia em frente a casa do amigo, começou a brotar nela uma pitada de curiosidade em desvendar o seu futuro.
Ela relutou muito contra a curiosidade, mas acabou por ir até a cartomante.
-Boa tarde! disse Nelci timidamente.
_Boa tarde, bela jovem. Já sei o que queres saber e digo-te ainda que siga seu coração, pois aquele que lhe és gentil na verdade é o seu grande e verdadeiro amor...
Nelci saiu apressadamente para que ninguém a visse.
Quando chegou em casa, encontrou Ladi tomando chimarrão e logo notou sua inquietação:
_O que houve meu amor? Está tão estranha!
_ Fui na Madame Sofia, a cartomante.
_ Cartomante? Para quê?
_Curiosidade!
_ Estas golpistas dizem exatamente aquilo que queremos ouvir. Nossa cidade é pequena e todo mundo sabe da vida de todo mundo. Ela só quer o seu dinheiro!
Os dias se passaram...
Nelci e Valdir continuaram a conviver e o laço de amizade e cumplicidade foi se tornando cada vez mais forte entre os dois, causando em Ladi um ciúme descompassado.
Intrigado com a intimidade dos dois, Ladi resolveu procurar a cartomante.
Quando avistou aquela mulher misteriosa notou rapidamente que a conhecia. Puxou na memória algumas lembranças... Sim, era Luciara, a menina tímida da escola!
_ Entre Ladi. Eu sabia que você viria a minha procura. Eu sei  o que aflinge seu coração!
Será que ela sabia mesmo? pensou Ladi.
_ A confiança é como um cristal, que depois de quebrado não volta a sua forma original.
Ela deve saber de alguma coisa, pensou ele, Nelci está me traindo com meu melhor amigo!
Neste momento um turbilhão de emoções o atordoaram, sentiu os pés saírem do chão, o corpo suou frio.
Com lágrimas de ira saindo de seus olhos, saiu correndo, desnorteado até a casa do amigo.
Lá encontrou Valdir e Nelci sorridentes, tratando os animais como dois enamorados.
E sem pensar duas vezes atirou.
Ao ouvir os disparos Madame Sofia correu até a casa de Valdir. Vendo os corpos estirados no chão deu um suspiro maquiavélico e pensou_ O caminho está livre para conquistar meu grande amor.