APAIXONADOS POR LEITURA

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terça-feira, 14 de junho de 2011




Experimentação de práticas de leituras: proposta de intervenção pedagógica









OBJETIVOS DA PRÁTICA LEITORA
§  A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano das grandes cidades. Este fenômeno tem se caracterizado como marca dos grandes centros urbanos, que são capazes de congregar, em uma mesma localidade, diferentes grupos sociais com interesses econômicos, políticos e sociais antagônicos. O objetivo dessa prática leitora é incentivar a reflexão sobre a desigualdade social e a busca da cidadania a partir de textos apresentados sob os mais variados suportes.
                       MATERIAIS E RECURSOS UTILIZADOS
§  Leitura de textos literários:
§  Brasil é o maior em desigualdade social
§  A fome na África é responsabilidade mundial
§  O bicho ,Manuel Bandeira
§  Poema para uma criança-de-rua, RUI LÔBO
Leitura de músicas:
§   O Meu País, Zé Ramalho
§  Desigualdade Social ,Rebitantes
§  Que País é esse,Legião Urbana
                         




PÚBLICO-ALVO

 (Pré-)adolescentes: leitores das séries finais do ensino fundamental
















O Meu País, Zé RamalhoComposição:Livardo Alves, Orlando Tejo,Gilvan Chaves

  • Tô vendo tudo, tô vendo tudo
    Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
  • Um país que crianças elimina
    Que não ouve o clamor dos esquecidos
    Onde nunca os humildes são ouvidos
    E uma elite sem deus é quem domina
    Que permite um estupro em cada esquina
    E a certeza da dúvida infeliz
    Onde quem tem razão baixa a cerviz
    E massacram - se o negro e a mulher
    Pode ser o país de quem quiser
    Mas não é, com certeza, o meu país
  • Um país onde as leis são descartáveis
    Por ausência de códigos corretos
    Com quarenta milhões de analfabetos
    E maior multidão de miseráveis
    Um país onde os homens confiáveis
    Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
    Mas corruptos têm voz e vez e bis
    E o respaldo de estímulo incomum
    Pode ser o país de qualquer um
    Mas não é com certeza o meu país

  • Tô vendo tudo, tô vendo tudo
    Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
  • Um país que crianças elimina
    Que não ouve o clamor dos esquecidos
    Onde nunca os humildes são ouvidos
    E uma elite sem deus é quem domina
    Que permite um estupro em cada esquina
    E a certeza da dúvida infeliz
    Onde quem tem razão baixa a cerviz
    E massacram - se o negro e a mulher
    Pode ser o país de quem quiser
    Mas não é, com certeza, o meu país
  • Um país onde as leis são descartáveis
    Por ausência de códigos corretos
    Com quarenta milhões de analfabetos
    E maior multidão de miseráveis
    Um país onde os homens confiáveis
    Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
    Mas corruptos têm voz e vez e bis
    E o respaldo de estímulo incomum
    Pode ser o país de qualquer um
    Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo






Desigualdade Social,  Rebitantes


  • Pela minoria o mundo é dominado,
    que vive do lucro, do povo explorado
    E tem a sua vida, com luxo e mordomia,
    O pobre passa fome, e não tem moradia.

    No mundo capital, é só exploração,
    Não sustente a burguesia, com sua escravidão,

    Desigualdade, Social
    Desigualdade, Social
    Desigualdade, Social...



  • Aqui não falta sol
    Aqui não falta chuva
    A terra faz brotar qualquer semente
    Se a mão de Deus
    Protege e molha o nosso chão
    Por que será que tá faltando pão ?
    Se a natureza nunca reclamou da gente
    Do corte do machado, a foice, o fogo ardente
  • Se nessa terra tudo que se planta dá
    Que é que há, meu país ?
    O que é que há ?
  • Tem alguém levando lucro
    Tem alguém colhendo o fruto
    Sem saber o que é plantar
    Tá faltando consciência
    Tá sobrando paciência
    Tá faltando alguém gritar
  • Feito um trem desgovernado
    Quem trabalha tá ferrado
    Nas mãos de quem só engana
    Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O país que a gente ama
  • Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O Brasil que a gente ama

  • Tem alguém levando lucro
    Tem alguém colhendo o fruto
    Sem saber o que é plantar
    Tá faltando consciência
    Tá sobrando paciência
    Tá faltando alguém gritar
  • Feito um trem desgovernado
    Quem trabalha tá ferrado
    Nas mãos de quem só engana
    Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O país que a gente ama
  • Feito mal que não tem cura
    Estão levando à loucura
    O Brasil que a gente ama









O bicho
Manuel Bandeira
  • Vi ontem um bicho
    Na imundice do pátio
    Catando comida entre os detritos.
  • Quando achava alguma coisa;
    Não examinava nem cheirava:
    Engolia com voracidade.
  • O bicho não era um cão,
    Não era um gato,
    Não era um rato.
  • O bicho, meu Deus, era um homem.
  • Rio, 27 de dezembro de 1947





Retirantes – Portinari
Brasil é o maior em desigualdade social
  • A distribuição de renda no Brasil é a pior do mundo, em que os 10% mais ricos ganham 28 vezes a renda dos 40% mais pobres. Este é um dos dados publicados em uma pesquisa que será lançada em livro, chamada “Desigualdade e Pobreza no Brasil”, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que levou em consideração indicadores do Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), IBGE e da ONU.
  • Outros elementos do estudo do IPEA indicam que os 10% mais ricos da população brasileira se apropriam de cerca de 50% da renda total do país, e os 50% mais pobres detêm apenas 10% da renda do país. Outros países mais pobres não têm uma desigualdade estrutural tão grande como o Brasil. Pelos dados da pesquisa do IPEA, esta situação não sofre mudanças há exatamente 25 anos e parece que existe um conformismo dentro da sociedade brasileira de continuar esta desigualdade.
O estudo do IPEA mostra que a desigualdade social no Brasil é estrutural, o que confirma as teses da Refundação do PCML (Partido Comunista Marxista Leninista) de que este é um modelo de desenvolvimento do Brasil desde a colônia, que fez com que a propriedade privada de monopólio da terra voltada para a exportação fosse a mola mestra da desigualdade social.

Com o regime escravocrata agro-exportador, as diferenças de classe social entre os que detinham os meios de produção, que eram os colonizadores portugueses e os escravos, que eram a mão-de-obra gratuita para tocar a economia do país, fizeram com que o país se desenvolvesse de uma forma desigual. O desenvolvimento econômico do Brasil desde aqueles tempos não quebrou o monopólio da terra e da indústria e por isso todo o crescimento foi injusto para a maior parte da população brasileira, que teve que sustentar a sede dos lucros dos monopólios estrangeiros e nacionais até os dias atuais.
A elite brasileira sempre foi egoísta e ligada ao capital estrangeiro a quem sempre se uniu para espoliar o povo. O nosso país é composto por uma população enorme de miseráveis e de párias sociais que conseguem sobreviver com muitas dificuldades, com um salário mínimo de R$ 151 que, segundo o DIEESE, deveria estar em torno de R$ 1mil. O salário mínimo do trabalhador está em 25% do valor de quando foi criado em 1940 por Getúlio Vargas.
O estudo do IPEA mostra que somente uma mudança radical na sociedade brasileira é capaz de mudar esse quadro de injustiça social, que é próprio do sistema capitalista, principalmente em um país do Terceiro Mundo. Mais uma vez as Teses de Refundação do PCML mostram que precisamos organizar a revolução socialista no Brasil para apear do poder esta elite que há mais de 500 anos oprime com fome, violência e miséria
A pesquisa do IPEA mostra que o principal ponto a ser enfrentado para que se diminua a desigualdade social no Brasil é o investimento em educação, já que a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de 6,3 anos de estudo. Mas o projeto neoliberal, que faz com que os governos apliquem menos recursos em vários setores sociais, está levando os trabalhadores brasileiros a ganharem bem menos do que se tivessem uma melhor educação.
Embora a estatística seja melhor do que há dez anos atrás, mas se compararmos a outros países pesquisados, como a Coréia do Sul que investiu maciçamente no setor educacional para dar um grande salto de desenvolvimento econômico, o Brasil é um país que gasta poucos recursos com o setor, o que diminui as oportunidades para os que estão entrando no mercado de trabalho, que correspondem a mais de 1,5 milhões de pessoas a cada ano sem conseguir uma colocação satisfatória, tornando precárias as relações trabalhistas com a diminuição do salário.

A FOME NA ÁFRICA É RESPONSABILIDADE MUNDIAL

A desigualdade social é um fato e é um mal – que visto por outro ângulo, tem em parte, razão de ser – o que seria do rei, se não houvesse o servo, ou ainda, o que seria do engenheiro se não houvesse o pião? – irremediável...


A prostituição infantil é um dos males oriundos da desigualdade social; às drogas, infelizmente muitas das vezes, é o refúgio da fome, da falta de carinho, de atenção, e até mesmo, do descaso de pais abastados, inteligentes para tudo e em tudo, menos em se doarem aos próprios filhos...

Como pessoas comuns, sofremos e nos sentimos incapazes, por não termos em mãos o "poder", para mudar a pintura do quadro, pois, por mais que consigamos mudar cores e paisagens, a moldura permanece. Porém, o simples fato, de reconhecimento da gravidade do problema, ora existente, e o desconforto gerado pela impotência em não podermos agir... Denota que não somos vermes... Os que de fato o são, estão no “poder e com o poder”, engordados com os impostos exorbitantes e descabidos – puro assalto à mão armada –, aos nossos bolsos, enquanto que, o país está entregue ao abandono.
Estradas sem conservação, cidades entregues ao lixo, cuida-se das áreas de turismo e o resto é resto! O mato toma conta de pontes e viadutos...
Em um país como o nosso – Brasil –, onde não há a menor preocupação com a educação e saúde do seu povo – hospitais e escolas funcionam precariamente ou estão por fechar às portas; alunos em pleno ano letivo, sentados em suas carteiras, sob às árvores do pátio escolar, prevenindo-se de desabamentos de tetos nas salas de aulas –, quadro mostrado recentemente pela mídia.

Como esperar dos que estão no poder, uma atitude em prol das crianças, adolescentes, ou de tantos quantos vivem à margem da sociedade?

O que podemos esperar de um país que distribui bolsa família – incentivo a fabricação de bebês, com o intuito de multiplicar a mísera quantia paga pelo governo –, o trabalhador deve ser digno do seu salário, assim sendo, seria uma preocupação governamental viável, gerar frentes trabalhistas, para que, os pais pudessem alimentar aos seus filhos, e não viver na malandragem, por ter a certeza de receber “ajuda” da parte do governo, que na realidade, acha por bem, não instruir o seu povo, para que continuem “tendo olhos sem ver”.

A bolsa família, tanto quanto, outras, dificilmente são usadas apropriadamente. Em verdade, alguns pais, terminam vendendo os seus próprios filhos e os entregando a sorte...
Muitas destas crianças terminam em casas de prostituição, sendo transformadas em brinquedos nas mãos dos pedófilos, e quando não quebrados, encontram a morte!...

Estas são verdades apolíticas, visto que não defendo nenhum partido, nem simpatizo com nenhum deles, e sim, com a verdade e com ela tenho compromisso.

http://br.groups.yahoo.com/group/AmigosDoDante/
  • Desigualdade social entre as crianças

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Releitura de A Cartomante de Machado de Assis

A Cartomante

Em uma cidadezinha chamada Jacuizinho, localizada na região noroeste do Rs, vivia uma mulher misteriosa que ocupava-se em adivinhar o futuro das pessoas. Madame Sofia era seu nome. Alta, corpo esbelto, longos cabelos negros e uma pele tão alva que lembrava o clássico Branca de Neve.
Em janeiro de 2009 a chuva torrencial provocou na cidadezinha uma enchente avassaladora que atingiu os moradores próximos ao rio que corta a cidade.
Como ali todos se conhecem, o sentimento de solidariedade brotou nos corações daqueles que não sofreram o mesmo infortúnio.
Faltava água potável, luz, as roupas estavam molhadas e até mesmo móveis e eletrodomésticos foram perdidos.
Nelci, que morava junto à ponte do Rio Jacuizinho, teve sua casa completamente inundada e os animais que criava tiveram que ser ser rapidamente transportados para os campos próximo a casa de Valdir, melhor amigo de seu marido Ladi.
Por isso, todas as manhãs e finais de tarde Nelci ia até a casa de Valdir para alimentar os animais e, como Madame Sofia residia em frente a casa do amigo, começou a brotar nela uma pitada de curiosidade em desvendar o seu futuro.
Ela relutou muito contra a curiosidade, mas acabou por ir até a cartomante.
-Boa tarde! disse Nelci timidamente.
_Boa tarde, bela jovem. Já sei o que queres saber e digo-te ainda que siga seu coração, pois aquele que lhe és gentil na verdade é o seu grande e verdadeiro amor...
Nelci saiu apressadamente para que ninguém a visse.
Quando chegou em casa, encontrou Ladi tomando chimarrão e logo notou sua inquietação:
_O que houve meu amor? Está tão estranha!
_ Fui na Madame Sofia, a cartomante.
_ Cartomante? Para quê?
_Curiosidade!
_ Estas golpistas dizem exatamente aquilo que queremos ouvir. Nossa cidade é pequena e todo mundo sabe da vida de todo mundo. Ela só quer o seu dinheiro!
Os dias se passaram...
Nelci e Valdir continuaram a conviver e o laço de amizade e cumplicidade foi se tornando cada vez mais forte entre os dois, causando em Ladi um ciúme descompassado.
Intrigado com a intimidade dos dois, Ladi resolveu procurar a cartomante.
Quando avistou aquela mulher misteriosa notou rapidamente que a conhecia. Puxou na memória algumas lembranças... Sim, era Luciara, a menina tímida da escola!
_ Entre Ladi. Eu sabia que você viria a minha procura. Eu sei  o que aflinge seu coração!
Será que ela sabia mesmo? pensou Ladi.
_ A confiança é como um cristal, que depois de quebrado não volta a sua forma original.
Ela deve saber de alguma coisa, pensou ele, Nelci está me traindo com meu melhor amigo!
Neste momento um turbilhão de emoções o atordoaram, sentiu os pés saírem do chão, o corpo suou frio.
Com lágrimas de ira saindo de seus olhos, saiu correndo, desnorteado até a casa do amigo.
Lá encontrou Valdir e Nelci sorridentes, tratando os animais como dois enamorados.
E sem pensar duas vezes atirou.
Ao ouvir os disparos Madame Sofia correu até a casa de Valdir. Vendo os corpos estirados no chão deu um suspiro maquiavélico e pensou_ O caminho está livre para conquistar meu grande amor. 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ENAMORADO

O amor que que eu sinto

é sincero e bonito

uma chama fatal

eloquente, surreal

é maior que o infinito.

 
Não cabe no peito, hipérbole de paixão

é o sol que aquece o corpo e transcende a alma

transpõe barreiras e ilumina o coração.

 
Carícias, sedução, loucura,

inverno, verão, ternura...

juntinhos, colados...

olhar enamorado

cúmplices dessa emoção.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A cartomante

A Cartomante

HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita a Camilo, numa sexta-feira de maio de 2011, quando este ria dela, por ter ido à véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Capaz, meu amor! Tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu acreditas mesmo nessas coisas? Perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita coisa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 2005, Vilela voltou da capital para morar em Jacuizinho, onde casara com uma moça muito formosa; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa, e foi pessoalmente recebê-lo.
— Então é você o famoso Camilo? Exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido fala de você.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher de Vilela não desmentia as mensagens do marido. Realmente, era linda e estonteante, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, gostavam das mesmas músicas e filmes, torciam pelo mesmo time. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as coisas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de fazê-lo ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas.
Um dia, em seu aniversário, recebeu de Vilela uma camisa do seu time do coração de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma mensagem estranha em seu celular de número restrito, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela, já não ia mais a bailes e festas em sua companhia. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendera por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três mensagens anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse procurar Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; ficarei atenta ao celular de meu marido, se receber alguma ligação ou mensagem de número restrito, tratarei de apagar...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita, mais que depressa, contou tudo a Camilo, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar a casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram de ligarem um para o outro caso fosse necessário, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo um e-mail de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar com você urgentemente." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa?
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar com você urgentemente, — repetia ele com a imagem do e-mail na cabeça.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, digitando o e-mail, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não via o e-mail, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar com você urgentemente." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que iria se passar, que chegou a crê-lo e vê-lo.
Positivamente, tinha medo. Chegou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num táxi. Chegou, entrou e mandou seguir as pressas. "Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...”.
Mas a velocidade do táxi veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o táxi teve de parar. A rua estava interditada por causa de um carro que se acidentou devido às péssimas condições do asfalto. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do táxi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino. Camilo reclinou-se no táxi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O taxista propôs-lhe voltar à primeira quadra, e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, retirando o carro:
— Vamos! Agora! Empurra!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras coisas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar. Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... Pensou rapidamente no inexplicável de tantas coisas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia...” Que perdia ele, se... ?
Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao taxista que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Tocou a campainha. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante.
Camilo disse que ia consultá-la, ela o fez entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal iluminava por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante o fez sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita. . . Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora me tirou um peso das costas, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante. Esta se levantou, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer
mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de cinquenta reais, e deu a ela. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dez reais.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranquilo. Olhe a escada, é escura...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma canção qualquer. Camilo achou o táxi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu rapidamente.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras coisas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos do e-mail de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao taxista.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer coisa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a canção da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Desceu, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo. O que aconteceu?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o sofá, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.
FIM

sábado, 14 de maio de 2011


O que realmente faz sentido em nossas vidas? Estarmos rodeados de pessoas nos faz sentirmos aconchegados? Hoje em dia as pessoas estão dispostas a ter relações interpessoais? O cotidiano e a correria do dia-a-dia nos remete à solidão? A relação imagem e música é um ótimo instrumento para leitura crítica e reflexiva. A melodia e o ritmo da música Years of solitude transmite ao ouvinte sentimento melancólico, característico das pessoas que sofrem e a imagem remete muito claramente esse sentimento de solidão,neste sentido, imagem e música fazem uma inter-relação.

terça-feira, 10 de maio de 2011

"A PALAVRA EXISTE, MAS SÓ A MEDIDA QUE É DITA. COMO UM FIAT QUE SUCEDE O VAZIO, O NADA, O SILÊNCIO. AO SER DITA, A POESIA INSTAURA UM SENTIDO PELA PRÓPRIA FORÇA DE SEU PRODUZIR-SE ENQUANTO VERBO."Afredo Bosi

FICA O DITO PELO NÃO DITO
FERREIRA GULLAR

o poema
antes de escrito
não é em mim
mais que um aflito
silêncio
ante a página em branco


ou melhor
um rumor
branco
ou um grito
que estanco
já que
o poeta
que grita
erra
e como se sabe
bom poeta(ou cabrito)
não berra

o poema
antes de escrito
antes de ser
é a possibilidade
do que não foi dito
do que está
por dizer
e que
por não ter sido dito
não tem ser
não é
senão
possibilidade de dizer

mas
dizer o quê?
dizer
olor de fruta
cheiro de jasmim?

mas
como dizê-lo
embora o diga de algum modo
pois não calo

por isso que
embora sem dizê-lo
falo:
falo do cheiro
da fruta
do cheiro
do cabelo
do andar
do galo
no quintal

e os digo
sem dizê-los
bem ou mal

se a fruta
não cheira
no poema
nem do galo
nele
o cantar se ouve
pode o leitor
ouvir
( e ouve)
outro galo cantar
noutro quintal
que houve.

(e que
se eu não dissesse
não ouviria
já que o poeta diz
o que o leitor
– se delirasse -
diria)

mas é que
antes de dizê-lo
não se sabe
uma vez que o que é dito
não existia
e o que diz
pode ser que não diria

e
se dito já não fosse
jamais se saberia

por isso
é correto dizer
que o poeta
não revela
o oculto:
inventa
cria
o que é dito
( o poema
que por um triz
não nasceria)

mas
porque o que ele disse
não existia
antes de dizê-lo
não o sabia

então ele disse
o que disse
sem saber o que dizia?
então ele sabia sem sabê-lo?
então só soube ao dizê-lo?
ou porque se já o soubesse
não o diria?

é que só o que não se sabe é poesia

assim
o poeta inventa
o que dizer
e que só
ao dizê-lo
vai saber
o que
precisava dizer
ou poderia
pelo que o acaso dite
e a vida
provisoriamente
permite.

Ferreira Gullar, Em alguma parte alguma,p.p. 21,22,23,24,25, editora José Olympio

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Brincando com as palavras

O jogo de palavras que permeia o mundo da poesia é fascinante e nos leva ao mundo da fantasia e da imaginação, "mundo" este, muito apreciado por crianças, jovens e adultos de todas as idades.
A ideia de trabalhar com poesia deveria iniciar-se desde os primeiros anos de vida, visto que é na infância que a magia é mais presente. A escola tem o papel de mediar e dar continuidade a este processo que deveria iniciar-se em casa, quando os pais cantam aos seus filhos cantigas de ninar ou brincadeiras de roda tão comuns às crianças e nem sabem que ja estão incutindo neles o gosto por rimas e trocadilhos.
O professor deve ter plena consciência da importância de levar aos alunos o lado encantador de ouvir, ler e escrever poesias, e não cair no erro de usá-la para trabalhar apenas a gramática. A poesia, quando bem trabalhada, desenvolve a imaginação, criatividade, musicalidade, oralidade... e é nesse contexto que a poesia torna-se atraente e motivadora ao aluno e faz com que ele sinta prazer e interesse em buscar este gênero e querer ler sempre mais.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vivendo e aprendendo!

O dialeto gaúcho é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul, e em parte do Paraná e de Santa Catarina. Fortemente influenciado pelo alemão e italiano, por força da colonização, e espanhol e pelo guarani, especialmente nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai, possui diferenças lexicas e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre




Em minhas férias de 2009, eu e minha família fomos visitar meus parentes em Sorocaba, SP.

De cara nota-se as diferenças de dialeto entre as duas regiões.
Em uma tarde resolvemos fazer pastéis para o lanche.
Fui até o açougue mais próximo, que ficava a uma quadra da casa de meus tios.
Pedi ao açougueiro:
-Por favor, 1kg de guisado!
O rapaz ficou um tanto surpreso:
_ Como moça?!
E eu meio distraída, repeti:
_1kg de guisado!
Ele, então, ficou sem jeito e me mostrou uns cortes de carne.
Eu também sem jeito, repeti:
_Guisado, moço, para fazer pastel!
E apontei em direção ao balcão.
O açougueiro, aliviado, suspirou e disse:
_ Guisado! Aqui chamamos de carne moída!
E eu, tentando fazer piada da situação respondi:
_ Pode ser carne moída mesmo, moço!

Já na visita de meu primo ao Sul, ocorreu novamente uma situação de aprendizagem.
Passeávamos por uma rua quando houve um acidente.
_Bah!Que baita pechada!- eu disse.
_ Pechada?!Onde?
_ Ali, na sinaleira!
Meu primo deu uma risada...
_Entendi, uma batida no semáforo!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da literatura infantil, em homenagem à Monteiro Lobato.
“Um país se faz com homens e com livros”. Essa frase criada por ele demonstra a valorização que o mesmo dava à leitura e sua forte influência no mundo literário.
Monteiro Lobato foi um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil, brasileira. Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1882, iniciou sua carreira escrevendo contos para jornais estudantis. Em 1904 venceu o concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto, época em que cursava a faculdade de direito.
Como viveu um período de sua vida em fazendas, seus maiores sucessos fizeram referências à vida num sítio, assim criou o Jeca Tatu, um caipira muito preguiçoso.
Depois criou a história “A Menina do Nariz Arrebitado”, que fez grande sucesso. Dando sequência a esses sucessos, montou a maior obra da literatura infanto-juvenil: O Sítio do Picapau Amarelo, que foi transformado em obra televisiva nos anos oitenta, sendo regravado no final dos anos noventa. 
Dentre seus principais personagens estão D. Benta, a avó; Emília, a boneca falante; Tia Nastácia, cozinheira e seus famosos bolinhos de chuva, Pedrinho e Narizinho, netos de D. Benta; Visconde de Sabugosa, o boneco feito de sabugo de milho, Tio Barnabé, o caseiro do sítio que contava vários “causos” às crianças; Rabicó, o porquinho cor de rosa; dentre vários outros que foram surgindo através das diferentes histórias. Quem não se lembra do Anjinho da asa quebrada que caiu do céu e viveu grandes aventuras no sítio?
Dentre suas obras, Monteiro Lobato resgatou a imagem do homem da roça, apresentando personagens do folclore brasileiro, como o Saci Pererê, negrinho de uma perna só; a Cuca, uma jacaré muito malvada; e outros. Também enriqueceu suas obras com obras literárias da mitologia grega, bem como personagens do cinema (Walt Disney) e das histórias em quadrinhos.
Na verdade, através de sua inteligência, mostrou para as crianças como é possível aprender através da brincadeira. Com o lançamento do livro “Emília no País da Gramática”, em 1934, mostrou assuntos como adjetivos, substantivos, sílabas, pronomes, verbos e vários outros. Além desse, criou ainda Aritmética da Emília, em 1935, com as mesmas intenções, porém com as brincadeiras se passando num pomar.
Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, no ano de 2002 foi criada uma Lei (10.402/02) que registrou o seu nascimento como data oficial da literatura infanto-juvenil.
Por Jussara de Barros

Porque ler para os filhos??

 Rosemeire Alves Lourenço


"O objetivo de uma escola sempre foi formar cidadãos capazes de "ler o mundo", produzindo discursos orais ou escritos, adequados a diferentes situações..." (Adriane Andaló - 2000). Ter em casa futuros leitores implica ir além desta concepção. A leitura há muito deixou de ser uma simples prática escolar para transformar-se em um processo desencadeado pela necessidade de "leitura de mundo" e por isso deve ser iniciada desde a mais tenra idade, ou seja, no seio da família. Pesquisas mostram que até os dois anos de vida o desenvolvimento do cérebro ocorre num ritmo bem acelerado, portanto, podemos concluir que tudo que for feito neste período, como conversar, cantar, demonstrar carinho, ler, entre outras coisas, será crucial para o desenvolvimento saudável da criança. Ler para os filhos desde bebês, além de suprir-lhes do conhecimento necessário é também importante fonte de prazer pois, ao mesmo tempo em que oferecemos algo valioso para as crianças, a nossa presença, lhes brindamos com a possibilidade de "viajar" pelo mundo através das páginas de um livro. Assim, desde pequenas associarão leituras a momentos prazerosos, o que funcionará durante os primeiros anos de vida mais ou menos como uma "propaganda para a mente". Os pais que estimulam a leitura ensinam os filhos a reconhecerem o ambiente onde vivem e a desenvolver atitudes que as influenciarão durante a vida adulta, tais como: confiança, respeito mútuo e compreensão, bases importantes para a adolescência. Leituras saudáveis produzem leitores seletivos diante da avalanche de informações, e-mails, programas de TV, notícias etc., características comum do mundo contemporâneo, ao mesmo tempo em que expõem as crianças a sentenças complexas e bem estruturadas, forma positiva de ensiná-las a se expressarem bem, tanto ao falar quanto ao escrever. Preparar leitores implica ainda na consideração de alguns pontos essenciais tais como: ler para a criança sem pressioná-la; manter sempre uma atmosfera agradável de cordialidade, descontração e informalidade; saber quando parar de ler, pois cada criança tem seu tempo de concentração; criar expectativas antes de virar a página de um livro com gravuras; dar ênfase à leitura com expressões, gestos, mudança na entonação da voz de maneira a dar vida à estória; fazer com que a criança interaja com a leitura; pausar em determinados intervalos perguntando e estimulando a criança a formular respostas bem elaboradas; selecionar livros que transmitam mensagens positivas, estimulantes e que levem à reflexão; procurar sempre locais e momentos calmos. A atenção a estes lembretes aliados ao bom exemplo dos pais quanto à leitura trará benefícios vitalícios para todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem de uma criança.


Oração pelas Crianças

Jesus, quando estáveis na terra quisestes que as crianças se aproximassem de vós, através de vosso infinito amor. Nós vos pedimos por todas as crianças do mundo, esperança da humanidade futura; por todas as crianças amadas e desejadas por seus pais; por todas as crianças abandonadas, órfãs e que não conhecem de fato o que é o amor; pelas crianças de rua, que não encontram um espaço digno de crescimento e desenvolvimento; pelas que não têm um lar que os acolha e lhes dê aconchego e proteção; pelas que são exploradas sob a ganância do dinheiro, do prazer e do poder; pelos filhos que não conseguem de seus pais educação saudável e cuidados básicos; por aqueles que não vos conhecem. Senhor, cuidai delas, nós vos pedimos. Tende misericórdia e fazei com que cresçam em tamanho, sabedoria, graça, diante de Deus, nosso Pai e diante dos seres humanos, nosso irmãos. Suscitai nelas, Senhor, a fé e o amor. Amém.

 

Oração do Professor

Dai-me, Senhor, o dom de ensinar,
Dai-me esta graça que vem do amor.
Mas, antes do ensinar, Senhor,
Dai-me o dom de aprender.
Aprender a ensinar
Aprender o amor de ensinar.
Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.
De aprender sempre.
Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.
Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe
Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos não produzam orgulho,
Mas cresçam e se abasteçam da humildade.
Que minhas palavras não firam e nem sejam dissimuladas,
Mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz nunca assuste,
Mas seja a pregação da esperança.
Que eu aprenda que quem não me entende
Precisa ainda mais de mim,
E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,
Para que eu possa trazer o novo, a esperança,
E não ser um perpetuador das desilusões.
Dai-me, Senhor, a sabedoria do aprender
Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor.
Antonio Pedro Schlindwein
============================================================
Oração do Professor
Obrigado, Senhor, por atribuir-me a missão de ensinar e por fazer de mim um professor no mundo da educação.Eu te agradeço pelo compromisso de formar tantas pessoas e te ofereço todos os meus dons.
São grandes os desafios de cada dia, mais é gratificantever os objetivos alcançados, na graça de servir,colaborar e ampliar os horizontes do conhecimento.
Quero celebrar as minhas conquistas exaltando também o sofrimento que me fez crescer e evoluir. Quero renovar cada dia a coragem de sempre recomeçar.
Senhor! Inspira-me na minha vocação de mestre ecomunicador para melhor poder servir.
Abençoa todos os que se empenham neste trabalho iluminando-lhes o caminho.
Obrigado, meu Deus, pelo dom da vida e por fazer de mim um educador hoje e sempre.
Amém.
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Professor nosso que estás zangado
Equilibrada seja tua paciência.
Seja feita a vossa vontade
Assim nas provas como nas aulas.
Os dez nosso de cada dia, nos dê sempre...
Perdoai as nossas faltas,
Assim como nós perdoamos a sua amolação,
Mas não nos deixai em recuperação
E nos livrai da reprovação!
Amém!

 

Porque incentivar a Leitura Infantil??

Ler é viver a arte, sentir emoções, fazer viagens, conhecer mundos, costumes, cores, paisagens. questionar e encontrar as respostas, sentir-se no meio de uma multidão, mesmo estando só, é não sentir solidão. Percorrer ruas antigas ou modernas, voltar-se no tempo ou saltar vários anos adiante de si. Torcer, sofrer e sorrir com os personagens, desbravar matas e conviver com animais, numa aventura sem limites. A literatura, como qualquer arte, vai além da informação. É também formativa e possui um valor perene. Literatura cria as emoções e o prazer. Ela é para oportunidades únicas de encontro do individuo consigo mesmo e com os outros, trabalhando com o imaginário, ser lida, fluída com gosto, mesmo que solitariamente. De quem é a responsabilidade do incentivo da leitura? A responsabilidade em estimular o hábito da leitura nas crianças é dos pais e da escola. Temos que entender que gostar de ler não é um dom, mas um hábito que se adquire. Através da leitura as crianças começam a desenvolver o poder da imaginação, reflexão e argumentação. Qual o resultado para quem gosta de leitura? Criança que gosta de livro adquire mais rápido criatividade, autoconfiança, senso crítico e facilidade de captar a dinâmica do mundo que a cerca. Conduzir os filhos à descoberta do prazer da leitura depende unicamente da sensibilidade dos pais. Por que ler para os filhos? O objetivo de uma escola sempre foi formar cidadãos capazes de” ler o mundo “, produzindo discursos orais ou escritos, adequados a diferentes situações..." (Adriane Andaló - 2000). Ter em casa futuros leitores implica ir além desta concepção. A leitura há muito deixou de ser uma simples prática escolar para transformar-se em um processo desencadeado pela necessidade de "leitura de mundo" e por isso deve ser iniciada desde a mais tenra idade, ou seja, no seio da família. Pesquisas mostram que até os dois anos de vida o desenvolvimento do cérebro ocorre num ritmo bem acelerado, portanto, podemos concluir que tudo que for feito neste período, como conversar, cantar, demonstrar carinho, ler, entre outras coisas, será crucial para o desenvolvimento saudável da criança. Ler para os filhos desde bebês, além de suprir-lhes do conhecimento necessário é também importante fonte de prazer, pois ao mesmo tempo em que oferecemos algo valioso para eles, a nossa presença, lhes brindamos com a possibilidade de "viajar" pelo mundo através das páginas de um livro. Assim, desde pequenas associarão leituras a momentos prazerosos, o que funcionará durante os primeiros anos de vida mais ou menos como uma "propaganda para a mente". Os pais que estimulam a leitura ensinam os filhos a reconhecerem o ambiente onde vivem e a desenvolver atitudes que as influenciarão durante a vida adulta, tais como: confiança, respeito mútuo e compreensão, bases importantes para a adolescência. Leituras saudáveis produzem leitores seletivos diante da avalanche de informações, e-mails, programas de TV, notícias etc., características comum do mundo contemporâneo, ao mesmo tempo em que expõem as crianças a sentenças complexas e bem estruturadas, forma positiva de ensiná-las a se expressarem bem, tanto ao falar quanto ao escrever. Preparar leitores implica ainda na consideração de alguns pontos essenciais tais como: ler para a criança sem pressioná-la; manter sempre uma atmosfera agradável de cordialidade, descontração e informalidade; saber quando parar de ler, pois cada criança tem seu tempo de concentração; criar expectativas antes de virar a página de um livro com gravuras; dar ênfase à leitura com expressões, gestos, mudança na entonação da voz de maneira a dar vida à estória; fazer com que a criança interaja com a leitura; pausar em determinados intervalos perguntando e estimulando a criança a formular respostas bem elaboradas; selecionar livros que transmitam mensagens positivas, estimulantes e que levem à reflexão; procurar sempre locais e momentos calmos. A atenção a estes lembretes aliados ao bom exemplo dos pais quanto à leitura trará benefícios vitalícios para todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem de uma criança.
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